Quem já teve o celular roubado sabe a aflição que é imaginar suas senhas sendo vazadas, conta do banco invadida e fotos pessoais sendo compartilhadas. Num momento como esse, de grande exposição e vulnerabilidade, se “sente na pele” o quão valiosa é a privacidade. Não é à toa que é um direito fundamental de todo cidadão, consagrado na Constituição Federal.

Carissa Véliz, autora do livro Privacy is Power [Privacidade é poder], em entrevista ao site BBC News Mundo, explica que ” a privacidade é importante porque a falta dela dá aos outros imenso poder sobre nós. Quando outras pessoas sabem muito sobre nós, elas podem interferir em nossas vidas”. 

Com o crescimento do número de aplicativos e o fluxo de informações em redes sociais, só tende a aumentar a captura de dados pessoais a cada dia e, consequentemente, a atenção que se deve ter ao compartilhar essas informações.

Os dados pessoais alimentam algoritmos 24 horas por dia e “estudam” nossos perfis minuciosamente (relacionamentos, lugares preferidos, gostos) e todo esse “estudo” influencia cada vez mais nossas decisões e também determinam como somos avaliados pelo mercado.

Numa análise mais atenta, conclui-se que os dados pessoais têm, indiscutivelmente, um alto poder econômico, todavia, se forem utilizados de forma solta e irresponsável, representam um “sinal vermelho” à privacidade das pessoas.

As ações de tratamento de dados precisam ser permanentemente orientadas por leis e políticas de privacidade e proteção de dados periodicamente atualizadas, capazes de orientar as relações comerciais de forma mais apropriada e justa, e, também monitoradas internamente pelas organizações em geral (publicas e privadas).

A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD é, sem dúvida, um “divisor de águas” para os brasileiros, que passaram a ter efetivo poder de decisão sobre o uso de seus dados. Entretanto, se faz necessária uma mudança de “mindset” coletivo, de conscientização permanente, que envolve todas as situações, desde o comportamento doméstico de cada indivíduo.

Se é certo que estamos muito mais tecnológicos e ficaremos ainda mais, é indispensável que a sociedade continue sua jornada digital, mais do que nunca amparada por mecanismos legais, sociais e tecnológicos que nos auxiliem efetivamente nesse processo de transformação ultra dinâmico e definitivo.