O episódio racista que envolveu recentemente o jogador de futebol brasileiro Vini Jr na Espanha, nos levou a escrever o presente artigo.
O fato lamentável e preocupante é o reflexo de um problema sério, antigo e recorrente no mundo do futebol e na sociedade em geral, em qualquer parte do planeta.
O jogador sofreu insultos enquanto colocava suas habilidades e talentos em campo, sendo chamado repetidamente e aos brados pela torcida adversária por um apelido pejorativo racista.
Todos sabemos que o racismo é um dos principais obstáculos para o progresso humano. É indiscutível que a sociedade precisa urgentemente superar essa questão.
Assim, considerando que a notícia é destaque na imprensa local e internacional, aproveitarmos o ensejo para trazer à pauta (mais uma vez) essa realidade cruel e inquietante no contexto das relações de trabalho.
Leia mais.
Muitas vezes um ato discriminatório acontece quando menos se espera, em arquibancadas, aviões, escritórios, redes sociais, aplicativos de mensagens e outros ambientes físicos ou virtuais, podendo afetar uma criança, uma trabalhadora assalariada, uma figura pública ou uma grande estrela do futebol.
Quanto ao caso real que introduziu este texto, é mais um que virou manchete e viralizou nas mídias sociais e tem como agravante o fato de ter sido cometido por centenas de pessoas ao mesmo tempo. Um caso de racismo coletivo que assistimos boquiabertos.
Segundo o mesmo jogador, o fato vinha se repetindo e era visto com aparente normalidade pelas autoridades do futebol, pela imprensa local e por muita gente. Isto demonstra uma passividade conivente e criminosa que feriu a dignidade humana da pessoa em questão e, indiretamente, a de outros indivíduos que têm a mesma cor da pele.
Por isso, é extremamente necessário abandonar a postura passiva diante desses vergonhosos acontecimentos, o que não significa dizer, logicamente, que a saída seja devolver o insulto “na mesma moeda” ou partir para as vias de fato.
Vencer o racismo envolve mudanças de várias partes.
Ter uma postura omissa também pode significar que se está compactuando com situações dessa natureza.
No contexto corporativo, por exemplo, é importante incentivar a pessoa que sofreu uma ofensa a usar o canal de denúncias ou ela mesma relatar o abuso por iniciativa própria, se for o caso.
O racismo tem muitos disfarces e pode deixar “cair a máscara” nas mais inusitadas situações, pois ele mora nos “porões” do inconsciente e basta um “gatilho” para mostrar a sua cara feia e impiedosa.
Casos de racismo podem incluir comentários discriminatórios, piadas ofensivas, tratamento diferenciado, restrição de oportunidades e critérios discriminatórios de contratação.
Pesquisas confirmam que existe ainda uma visível desigualdade racial nas empresas brasileiras. Foram mapeadas disparidades na representatividade de profissionais negros em cargos de liderança, além de diferenças salariais.
No ambiente corporativo, os casos de racismo impactam fortemente os colaboradores afetados, prejudicando seu bem-estar, autoestima e desenvolvimento profissional. Além disso, uma prática ou ação de caráter racista poderá arranhar a imagem da empresa para sempre.
Por isso, é fundamental que todos estejam engajados no combate ao racismo.
A prevenção ao racismo no ambiente corporativo é de extrema importância. A diversidade e a inclusão são fatores fundamentais na construção e fortalecimento de uma cultura corporativa saudável e produtiva.
Para cumprir seu objetivo relacionado à inclusão e à diversidade, as organizações devem fundamentalmente:
A luta contra o preconceito racial é uma batalha permanente, mas não inglória. Temos uma boa parcela de responsabilidade sobre isso e não podemos desperdiçar mais esta chance de virarmos o jogo.
O racismo persiste e ainda tem força.
Devemos nos dedicar à luta contra o preconceito e a discriminação racial em todas as áreas da vida, considerando o nosso ambiente de trabalho onde passamos geralmente a maior parte do tempo.